sábado, 31 de dezembro de 2022

A família Serzedello - Serzedelo (Séc XVII e ss)

Após alguns anos de recolha - e consolidação - de dados, não restam dúvidas de que, respetivamente,

- A Família Serzedello - Serzedelo que logo no início do Séc. XIX ganhou visibilidade na vida económica, administrativa e também cultural em Lisboa e no Brasil é uma e mesma, 
- são os Pereira de São Pedro de Serzedelo, hoje do concelho da Póvoa de Lanhoso e ao tempo (Séc. XVII e anteriores), Couto de Serzedello, da Ribeira de Soaz;
- na Diocese de Braga havia - e há - outra freguesia e paróquia Serzedelo, Santa Cristina de Serzedello, do atual concelho de Guimarães, 
- mas pode afirmar-se com absoluta certeza de que não provêm desta, nenhum dos membros desta vasta família Serzedello - Serzedelo,
- ao ponto de se poder dizer também com segurança que todos e todas estes e estas            Serzedello - Serzedelo de apelido - ou sobrenome [1] - que surgem em Portugal e no Brasil em finais do séc. XVII e depois em todo o séc. XIX, 
      a) são a e da mesma família, os Pereira [2], cujo berço foi, ao longo de cerca de 3 séculos, o Lugar de Cima de Villa / Cima deVila,
      b) e são todos - somos todos - consequentemente, primos!

[1] - já em finais do Séc. XIX, no Brasil surge um fenómeno curioso, nas regiões / estados onde socio-politicamente davam nas vistas vários Serzedello - Inocêncio Serzedello Corrêa, político e militar muito ligado à primeira república, Randolpho Pereira Serzedello, médico e farmacêutico e Diretor de Saúde no Pará, Féliz José Pereira Serzedello, vice-cônsul também no Pará, Bento José Barbosa Serzedello no Rio de Janeiro e outros Serzedelloe graças à liberdade com que no Brasil se podiam
 atribuir nomes próprios, começaram a surgir Serzedello (s) como nome próprio (a desenvolver adiante),
 
[2] - e por outro lado, já quase em 1900, uma outra família com raízes em S.P. de Serzedelo e Fonte Arcada (PVL) viria a atribuir-se também o apelido (topónimo) Serzedello - Serzedelo (também a desenvolver adiante) e ficaram conhecidos na Póvoa de Lanhoso como "Os Serzedello de Fonte Arcada". Ora estas duas exceções são isso mesmo, exceções que confirmam a regra e o que se afirma acima.

Figªs 1 e 2 (acima) e 3 (abaixo), fonte O Minho Pittoresco .Vieira, José Augusto.1886.Edª José Maria Pereira.
como curiosidade, este António Maria Pereira é o mesmo que, além de amigo pessoal de Antº José Pereira Serzedello Júnior 
e seu companheiro em muitos aspetos da atividade destes, foi seu sócio na propriedade do jornal "Revolução de Setembro"
 - cujo fundador tinha sido Rodrigues Monteiro- e foi também a editora de José Maria Pereira que editou em 1872 
o livro de Serzedello Júnior "Os Bancos e os princípios que regem a emissão e circulação das notas".

As principais fontes das pesquisas genealógicas são, necessariamente, os Registos Paroquias. Infelizmente, relativos à paróquia de São Pedro de Serzedello, apenas se encontram registos a partir de 1642 (1642/1911) e com base nestes registos, temos as seguintes gerações em Cima de Villa,

1ª geração, nascidos nas primeiras décadas de 1600, Isabel Pereira, casada com Lucas Rodrigues; este casal teve pelo menos quatro filhas destacando-se a "matriarca" da 

2ª Geração, na segunda metade de 600, Josefa Pereira, casada com João Álvares, casal que teve também vários/as filhos/as, destacando-se o "patriarca" da 

3ª Geração, no início de 700, Domingos Pereira, casado com Rosa Carvalha; São os filhos deste casal que vão dar início à diáspora [3] dos Serzedello, do Minho para Lisboa e para o Brasil;

[3] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.

Marcaríamos a 
4ª Geração, quer com Maria Josefa Pereira [Serzedello], que casou em Serzedelo (Cima de Vila) com Manuel António Gonçalves em 1784, 
              quer com o seu irmão João António Pereira Serzedello que, com outro irmão,                             Domingos José, terão sido os primeiros a ir para Lisboa ;

Do casamento de Maria Josefa e Manuel António Gonçalves nasceram (pelo menos) cinco filhos/as e nenhum deles ficará em Serzedelo; serão assim a 

5ª Geração, do último quartel de 700, da qual quatro dos irmãos vão para Lisboa,
 e uma para Caires Amares:
- Luiza Maria Pereira Serzedello, que casaria na primeira década de 800 com o seu tio João António Pereira Serzedello
- António José Pereira Serzedello, que casaria em 18xx com Ana Margarida Rebelo, 
- José António Pereira Serzedello, que casaria em xxx com Maria da Natividade Fogaça,
- António Joaquim Pereira Serzedello, que casaria em XXXX em Lisboa com Ângela de Jesus Caleia e que, tendo desta enviuvado, casaria em segundas núpcias com Maria dos Anjos Marques, e

- Mariana Cândida Pereira Serzedello, que casou para Caires, Amares, com Manuel José Barbosa.

[3] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.
...

Azevedo, Torquato Peixoto de (1845). «Do couto de Serzedello», in Memórias Ressuscitadas

"...A 23.6.1386, o mesmo rei [D. João I] confirmou a "gonçallo aranha caualleyo nosso uasallo", que "soe casado com aldonça ans sua molher neta de gil mjz aluello", a quintã, couto "com honra no logo", senhorio e jurisdição de Serzedelo, no julgado de Lanhoso."


A família Serzedello - Serzedelo

I

Origem e significado de "Serzedelo" (Serzedelo, Cerzedello) 

1. é um apelido, ou sobrenome, de origem portuguesa e "tomado" de um topónomo em finais do séc. XVIII por um pequeno grupo de  famílias oriundas de duas paróquais e freguesias do que é hoje o concelho da Póvoa de Lanhoso, designadamente [São Pedro de] Serzedelo e [São Tiago] de  Fonte Arcada [1]- os desta em menor quantidade, aliás, será apenas uma família a partir do Séc. XIX [3]

2. Enquanto topónimo, a palavra virá do latim cercetellus, que significa carvalhal, ou souto, evoluindo depois e sucessivamente para Cerzedello, Serzedello e finalmente, Serzedelo. Não custa muito aceitar esta explicação porque, de facto, os topónimos foram sendo atribuídos ao longo dos séculos quer pelas caraterísticas orográficas e geográficas do local a designar, quer pelas suas funções mais importantes para as populações, e daí a quantidade de localidades chamadas de Parada, de Portela, de Ponte de (Ponte de Lima, Ponte da Barca, Ponte de Sor, etc.) de Carvalhal e Carvalhais, de Couto e Souto d'isto e Souto daquilo, Albergarias, Caldas, etc.

II

Após alguns anos de recolha - e consolidação - de dados, não restam dúvidas de que, respetivamente,
- A Família Serzedello - Serzedelo que logo no início do Séc. XIX ganhou visibilidade na vida económica, administrativa e também cultural em Lisboa e no Brasil é uma e mesma, 
- são os Pereira de São Pedro de Serzedello hoje, concelho da Póvoa de Lanhoso e ao tempo (Séc. XVII), Couto de Serzedello da Ribeira de Soaz;
- na Diocese de Braga havia - de há - outra freguesia e paróquia Serzedelo, Santa Cristina de Serzedello, concelho de Guimarães, 
- mas pode afirmar-se com absoluta certeza de que não provêm desta nenhum dos membros desta vasta família,
- ao ponto de se poder dizer também com segurança que todos e todas estes e estas Serzedello - Serzedelo de apelido - ou sobrenome - [2] que surgem em Portugal e no Brasil em finais do séc. XVIII e depois em todo o séc. XIX, 
      a) são a e da mesma família, os Pereira [4], cujo berço foi, ao longo de cerca de 3 séculos, o Lugar de Cima de Villa / Cima deVila,
      b) e são todos - somos todos - consequentemente, primos!

[1]Fonte Arcada é a terra da famosa Maria da Fonte e Maria da Fonte, por sua vez, não se referirá a uma pessoa particular e concreta, antes designará o grupo de mulheres de Fonte Arcada, as amas de leite que em 1846, num primeiro momento de revolta de raiz verdadeiramente popular,  se insurgem contra o então  presidente da Câmara - que até Camilo Castelo Branco apoiava e elogiava - e que ato contínuo e já com a participação de forças políticas locais, evoluiria para a Revolução do Minho ou Revolução da Maria da Fonte e desaguou n'A Patuleia;


Maria da Fonte Maria da Fonte por Roque Gameiro, 1917

[2] - já em finais do Séc. XIX, no Brasil e sobretudo nas regiões/estados ou locais onde socio-politicamente davam nas vistas vários Serzedello - Inocêncio Serzedello Corrêa, político e militar muito ligado à primeira república, Randolpho Pereira Serzedello, médico e farmacêutico e Diretor de Saúde no Pará, Féliz José Pereira Serzedello, vice-consul também no Pará, Bento José Barbosa Serzedello no Rio de Janeiro e outros Serzedelloe graças à liberdade com que no Brasil se podiam atribuir nomes próprios, surge um fenómeno curioso, começaram a aparecer  nos registos de nascimento indivíduos Serzedello como nome próprio,

[3] - e por outro lado, já quase em 1900, uma outra família com raízes em S.P. de Serzedelo e Fonte Arcada (PVL) viria a atribuir-se também o apelido (Serzedello - Serzedelo (também a desenvolver adiante) e ficaram conhecidos na Póvoa de Lanhoso como "Os Serzedello de Fonte Arcada".
Ora estas duas exceções são isso mesmo, exceções que confirmam a regra e o que se afirma acima.

[4] - é um fenómeno para o qual ainda se não encontrou a explicação, ao longo de quase 4 séculos, ou quase 400 anos, este foi o apelido que "passou" para os descendentes, independentemente de ser da(s) mãe(s) ou do pai, num pais e numa cultura marcadamente patriarcais e cujos apelidos dos descendentes é quase sempre o paterno. 

III

As principais fontes das pesquisas genealógicas são, necessariamente, os Registos Paroquias. Infelizmente, relativos à paróquia de São Pedro de Serzedello, apenas se encontram registos a partir de 1642 (1642/1911) e com base nestes registos, temos as seguintes gerações em Cima de Villa,

1ª geração, nascidos nas primeiras décadas de 1600, Isabel Pereira (de Parada de Bouro), casada com Lucas Rodrigues; este casal teve pelo menos quatro filhas destacando-se a "matriarca" da 

2ª Geração, na segunda metade de 600, Josefa Pereira, casada com João Álvares, casal que teve também vários/as filhos/as, destacando-se o "patriarca" da 

3ª Geração, no início de 700, Domingos Pereira, casado com Rosa Carvalha; São os filhos deste casal que vão dar início à diáspora [5] dos Serzedello, do Minho para Lisboa e para o Brasil;
[3] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.

Marcaríamos a 
4ª Geração, quer com Maria Josefa Pereira [Serzedello], que casou em Serzedelo (Cima de Vila) com Manuel António Gonçalves em 1784, 
              quer com o seu irmão João António Pereira Serzedello que, com outro irmão, Domingos José, terão sido os primeiros a ir para Lisboa ;

Do casamento de Maria Josefa e Manuel António Gonçalves nasceram (pelo menos) cinco filhos/as e nenhum deles ficará em Serzedelo; são a

5ª Geração, do último quartel de 700, da qual quatro dos irmãos vão para Lisboa,
 e uma para Caires Amares:
- Luiza Maria Pereira Serzedello, que casaria na primeira década de 800 com o seu tio João António Pereira Serzedello
- António José Pereira Serzedello, que casaria em 18xx com Ana Margarida Rebelo, 
- José António Pereira Serzedello, que casaria em xxx com Maria da Natividade Fogaça,
- António Joaquim Pereira Serzedello, que casaria em XXXX em Lisboa com Ângela de Jesus Caleia e que, tendo desta enviuvado, casaria em segundas núpcias com Maria dos Anjos Marques, e
- Mariana Cândida Pereira Serzedello, que casou para Caires, Amares, com Manuel José Barbosa.

[5] - o termo diáspora não surge aqui apenas em sentido figurado: por um lado, o apelido Pereira é um dos muito apelidos dos judeus portugueses; por outro lado, há no agir desta família  - certas peculiaridades - qualquer coisa muito comum às comunidades judaicas. Não havendo nada até agora que legitime essa conclusão, inclinamo-nos para a possibilidade de que se tratasse de uma família de origem judaica.
...

 "(...) o meu avô chamava-se Antonio Luiz Serzedelo , nao sei os outros sobrenomes; é português. O meu pai chama-se Pedro Luiz Duarte Silva Serzedelo de Almeida" (...)", 1º - porque ha TANTA gente com o sobrenome Serzedelo ou Serzedello, 2º, um amigo do cartório disse-me que muitos simplesmente acrescentam o nome Serzedello sem laços sanguíneos; pedi para ele verificar isso e ele me disse que ha um numero de pessoas com o sobrenome Serzedelo que seus antepassados nao eram Serzedelo, 3º, onde permenece o nucleo da familia, digamos assim, quem é realmente Serzedelo(ll), arriscando respostas mas não conclusões, e atento o facto de que muitos contributos de resposta já estão e outros mais virão a estar nas publicaçãões deste blogue, (sobretudo no que respeita à enorme quantidade de indivíduos Serzedello - Serzedelo),

    -   Serzedello de Almeida e Serzedello Dentinho de Almeida são, de facto, descendentes dos Pereira Serzedello, uns ficaram cá, outros no Brasil. A "prima" (e avó) Manuela Netto Rocha tem este(s) ramo(s) muito bem estudados na sua árvore genealógica que pode ser encontrada tanto no My Heritage como no/a Geni; há muita gente com o sobrenome Serzedello tanto cá como lá porque eram famílias "profícuas", muitos dos descendentes rumaram em força para o Brasil ao longo de mais de um século, onde se foram radicando (os Serzedello não cumprem o padrão do chamado Brasileiro de Torna Viagem) pelo menos ao longo de 80 anos onde, uns atrás dos outros, foram criando os seus negócios. Tampouco acredito que houvesse quem colasse o apelido Serzedello na sua cédula, sem mais, perlo contrário. São muitos os casos de Serzedello - Serzedelo que perderam o apelido e nem temos como saber, apenas se conhecem alguns casos porque publicam a sua genealogia (é o caso da família SIlveira - Villa-Lobos, por exemplo). Estou em crer que os tais Serzedelo que o amigo do Cartório lhe referiu como apossando-se do apelido sem laços de consanguinidade se inscrevem na exposição da publicação abaixo.

A origem e as múltiplas "intermitências" do apelido (sobrenome) Serzedello - Serzedelo

A origem e as múltiplas "intermitências" do apelido (sobrenome) Serzedello - Serzedelo

- atualizado -  

"(...) o meu avô chamava-se Antonio Luiz Serzedelo , não sei os outros sobrenomes; é português. O meu pai

chama-se Pedro Luiz Duarte Silva Serzedelo de Almeida" (...)", 1º - porque há TANTA gente com o sobrenome Serzedelo ou Serzedello, 2º, um amigo do cartório disse-me que muitos simplesmente acrescentam o nome Serzedello sem laços sanguíneos; pedi para ele verificar isso e ele me disse que ha um numero de pessoas com o sobrenome Serzedelo que seus antepassados nao eram Serzedelo, 3º, onde permenece o nucleo da familia, digamos assim, quem é realmente Serzedelo(ll)"...

    -   Serzedello de Almeida e Serzedello Dentinho de Almeida são, de facto, dois dos muitos ramos descendentes dos Pereira Serzedello em Portugal e no Brasil. A "prima" (e avó) Manuela Netto Rocha tem este(s) ramo(s) muito bem estudado(s) na sua árvore genealógica que pode ser encontrada tanto no My Heritage como no/a Geni. Há muita gente com o sobrenome Serzedello tanto cá como lá porque eram famílias "profícuas", muitos dos descendentes rumaram em força para o Brasil ao longo de mais de um século, onde se foram radicando (os Serzedello não cumprem o padrão do chamado Brasileiro de Torna Viagem) pelo menos ao longo de 80 anos onde, uns atrás dos outros, foram criando os seus negócios. Tampouco acredito que houvesse quem colasse o apelido Serzedello na sua cédula, sem mais, perlo contrário. São muitos os casos e ramos de Serzedello - Serzedelo que perderam o apelido e nem temos como o saber. Apenas se conhecem alguns casos, porque publicam a sua genealogia (é o caso da família Silveira - Villa-Lobos, por exemplo). Estou em crer que os tais Serzedelo que o amigo do Cartório lhe referiu como apossando-se do apelido sem laços de consanguinidade se inscrevem nesta explicação abaixo:

Datando de 1860/1870 o movimento (e a "sociedade" com esse mesmo nome e desígnio) para a Criação do Registo Civil e que era comum a Portugal e ao Brasil, no Brasil terá conseguido o seu objectivo a partir da 1870/1880 (aliás, em termos administrativos o Brasil estará desde o séc. XIX uma "época" - 30 a 40 anos - à frente de Portugal) mas em Portugal só após a implantação da República é que os registos respeitantes à população civil deixaram de ser efectuados e "conservados" nos cartórios paroquiais. Por ordem legislativa da "República", a partir de Abril de 1911 passou a existir Registo Civil, conduzindo às Conservatórias como hoje as conhecemos. Até lá, esse "cartório" (nascimentos, casamentos, óbitos, testamentos, etc.) estava exclusivamente confiado à Igreja, sem uma matriz civil e administrativa definida e igual para todo o território, vagamente orientada por duas ou três leis régias em dois séculos e sem outra ou supervisão continuada que não fosse a das Dioceses, prosseguindo essas os interesses "notarial" da Igreja e satisfazendo mal ou "diagonalmente" o registo o civil ou administrativo. Sendo cada pároco, na sua respectiva paróquia, ao mesmo tempo o conservador e o "escrivão" desse notário; sendo "suas" as regras de assento ou registo, os livros paroquiais revelam bem quer as variações de humor quer de ideologia social do "escrivão-conservador", além de ao longo de um mesmo livro de assentos serem bem visíveis as mudanças de pároco e "ideologia".

Variando ainda este "notário" com o meio ou região e a maior ou menor importância social de cada família em cada específico local, os Serzedello, tal como aconteceu com muitos outros, foram mantendo ou "deixando cair" o sobrenome: Em Lisboa e no Brasil manteve-se até hoje, apenas se perdendo nos casos em que os casamentos (e a lotaria/predominância de sobrenomes dos nubentes) vai atribuindo outros apelidos aos descendentes, como será o caso dos descendentes do ramo Serzedello-Pressler, por exemplo. No norte de Portugal (Póvoa de Lanhoso ou Amares e Braga) são ainda os próprios indivíduos ou o padre (ou ambos) que o "deixam cair" em vida. O caso mais significativo pode ser compilado nos sucessivos assentos paroquiais, da família de José Joaquim Barbosa Serzedello (Amares, Portugal): nascido e baptizado Barbosa Serzedello, irmão mais velho de Bento José Barbosa Serzedello, depois de ter estado até por volta de 1862 no Brasil, onde esteve estabelecido como negociante, regressou a Portugal viúvo,  (tinha casado com uma prima igualmente Serzedello, enviuvou muito cedo e com 33 anos regressou a Amares), tendo voltado a casar. No assento deste seu casamento com Olívia Vieira da Cunha, efectuado em Amares, mantêm-se os apelidos Barboza Serzedello, assim como se mantêm nos assentos de nascimento dos seus primeiros filhos, António José, Elvira Cândida e José Joaquim. Mas do quarto filho em diante o seu nome completo passa a ser escriturado como José Joaquim Barbosa (porque se deixa cair o Serzedello?). De adultos, os seus filhos assumem como nome completo Fulano Vieira (da mãe) Barbosa (do pai). Mas e tal como já tinha acontecido nas gerações dos seus pais e avós, quase todos foram para o Brasil onde se radicaram e aí chegados, recuperaram imediatamente o apelido Serzedello porque integravam uma vasta família conhecida e respeitada sob esse sobrenome (já vimos que no início de 900 eram já centenas os Serzedello estabelecidos no Brasil, para onde foram, senão mais cedo, logo nas primeiras décadas de 800). 
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grande parte dos lugares que constam nos registos desde seiscentos, continuam a ter o mesmo nome; vão lá 400 anos...
Um dos casos desta intermitência do sobrenome é - entre outros - o do Bisavô deste blogger, Arthur Vieira Barbosa (Serzedello). Nascido em 1879 - sétimo filho na ordem de nascimento dos filhos do referido José Joaquim Barboza Serzedello e de Olívia Cunha Vieira - e que tendo ido para o Rio de Janeiro onde se estabeleceu com a Farmácia Moderna (farmácia e artigos hospitalares), nos planos civil, comercial, e administrativo passou a ser Arthur Vieira Barbosa Serzedello, com toda a legitimidade, dado ser esse o apelido paterno. Em 1909 nasceu a sua filha Antónia Amélia, cuja certidão identifica (3ª Circunscrição do Registo Civil) como Antónia Amélia Rodrigues Vieira Barbosa. Volta, portanto, a ser omisso omisso o apelido Serzedello). Tendo esta, apesar da nacionalidade Brasileira, vindo para Portugal após a morte dos pais, casou, viveu e faleceu cá ( em Amares) e ninguém mais na sua linha de descendência - uma filha e seis netos - teve o apelido Serzedello (Serzedelo, após o acordo ortográfico da 1ª República).
...
VMOliveira

Pereira Serzedello - resenha da sua diáspora (sec. XVIII e ss)


[imagem encontrada em http://ujr-amlat.org/art/pt/dia-da-diaspora/ em 2021]

   A diáspora, ou dispersão, dos Pereira Serzedello / Serzedelo, naturais de Couto de Serzedello / S. Pedro de Serzedelo, primeiro do Concelho de Ribeira de Soaz e mais tarde - 1840 e ss - concelho da Póvoa de Lanhoso (Minho, norte de Portugal), iniciam-na os filhos de Domingos Pereira ( n. 5 Jun 1711 - f. 13 Jan 1770, 59 anos) e de Rosa Maria Carvalha (n. 18 Mai 1721 - f.  31 Dez 1792, 71 anos), designadamente,

- o Domingos José (n. em Serzedelo em 6 de Mar de 1753, f. em Lisboa em 1768) o João António (n. 29 Junho 1762), que foram para Lisboa na segunda metade de setecentos,

- e os sobrinhos destes e filhos da sua irmã Maria Josefa (n. 10 Set 1759), designadamente,

- para Lisboa e com o apoio do tio João António: a Maria Luiza (n. 10 Mai 1790; casou com o tio), o António José (n. 20 Set 1786), o José António (n. 11Jun1792), o António Joaquim (n. 25 Mai 1796)

- para o Brasil, o João António - sobrinho (n. 20 Mai 1788)

- Para Amares (Minho, Pt), a Mariana Cândida (n. 23 Set 1800)

                e cujos filhos (os Barbosa Serzedello), foram igualmente, a partir de 1840/50, para o Brasil e para Lisboa.

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Resumindo - e limitada a informação pelo que se conseguiu apurar recuando a seiscentos [1], 

- há três gerações sedentarizadas antes desta dispersão, designadamente, a da Isabel Pereira casada com Lucas Rodrigues, a da filha Joséfa Pereira casada com José Álvares e a do filho destes, Domingos Pereira casado com Rosa Maria Carvalha

- e há depois as muitas gerações seguintes, quer em Portugal, quer no Brasil, a partir de fins de 700 e até à data.

[1] - há ainda a esperança de poder conhecer gerações anteriores, o que já só será/seria possível com base nos ainda existentes - e se existentes - arquivos paroquiais locais.

Continua a haver migrações ao longo do séc. XIX e XX, quer de Portugal (Amares e Lisboa, Elvas e outros locais, i.e., dos aqui nascidos), para o Brasil, quer dos nascidos no Brasil para Portugal c(e Lisboa, Amares e outros locais).

Ao levanta/conhecer e analisar a genealogia da Família Serzedello - Serzedelo, há que ter em conta três ou quatro nuances ou aspetos curiosos. 

- O primeiro, alguns primos Serzedello partilhamos a impressão, ou desconfiança, de que esta família Pereira seria de origem judaica, sendo que - até à data - não se encontrou qualquer dado objetivo que, sequer minimamente, ajude a sustentar essa impressão ou desconfiança, antes e apenas - e sem prejuízo de outros - dois elementos menos objetivos, ou até subjetivos, designadamente,

- - o apelido Pereira que vindo desde 1600 pelo menos, nos permite admitir a possibilidade de que se trate de Cristãos Novos, descendentes de Sefarditas; como se sabem os judeus foram obrigados a esta conversão e à adoção de novos nomes e sobrenomes/nomes de família, sendo o apelido Pereira um desses casos,

- - a predominância desse apelido como o sobrenome de família ao longo de várias gerações,

- - o modelo familiar e de riqueza económica,  o comércio, uma agroindústria pré-industrial - "os Moinhos de Domingos Pereira no Vale da Luz" (PVL),

- - e também as fisionomias, ou as feições, ou o fenótipo, que, realmente, não é o dos germânicos e godos que povoaram o Minho desde  os Séc. VII e VIII;

- o segundo, é que o sobrenome Pereira Serzedello apenas surge em fins do séc. XVII e em indivíduos Serzedello emigrados para Lisboa e para o Brasil, ocorrendo isto numa altura em que se verificou o acréscimo de topónimos de origem aos apelidos, assim ajudando a fazer a distinção entre muitos indivíduos de indivíduos com nomes e sobrenomes iguais;

- - efetivamente, os Pereiras que ficaram por Serzedello ou freguesias vizinhas - e é importante ter em conta que cada família tinha proles numerosas e são muitos os Pereira, Carvalha, Álvares, etc. na sua região de origem assim se mantiveram, mas Serzedello apenas aparece com os que vão para locais que já são metrópoles em formação, como Lisboa, Rio de Janeiro e outras 

[ver também, 

a)  

A família Serzedello - Serzedelo

b)

As "Intermitências" do sobrenome Serzedello / Serzedelo

Os Serzedello e os casamentos entre consanguíneos

Sobretudo no Séc. XIX e graças à abertura da Igreja nessa matéria, foram frequentes e sucessivos os casamentos entre primos e até entre filhos de primos, pelo que podemos encontrar até situações de casamentos em quase plena circularidade de consanguinidade.

Ciência e Medicina não conheciam ao tempo o que hoje se sabe sobre os severos problemas dos filhos de casamentos de consanguinidade, podendo estar no que hoje se conhece desses problemas e morbilidades a explicação para a pouca longevidade de muitos dos indivíduos desta família, que sobretudo a partir do séc. XIX faleciam entre os 40 e os 60 anos de idade e alguns ainda mais jovens.  

Em resumo, começando por imitar as linhagens reais na defesa da linhagem/pureza do sangue e do património (manter os bens no grupo familiar), correram idênticos riscos de extinção das famílias

No quadro abaixo, a título de exemplo, alguns casamentos entre consanguíneos:

- o João António, que casa com em 1811 com uma sobrinha, a Maria Luiza: ironizando, os filhos deste casamento - e são vários - são filhos e filhos-sobrinhos do pai;

- - Mais tarde (1835), um filho destes, o João Luís Pereira Serzedello, casou no Brasil com uma prima, Alexandrina Pereira Serzedello, filha do seu tio materno João António. Os filhos do casamento de João Luís e Alexandrina nasciam de uma consanguinidade quase circular; 

- no ramo familiar deste blogger (Virgílio), houve também - pelo menos - dois casos,

- - o meu trisavô, José Joaquim Barbosa Serzedello (nascido em 1831 em Caires, Amares)era filho da Mariana Cândida Pereira Serzedello. Foi para o Rio de Janeiro por volta de 1850, onde viria a casar com uma prima, Ricardina Pereira Serzedello, já nascida no Rio de Janeiro (n. 9 Mai 1835 em Irajá, R.J) filha do seu tio materno mais velho e irmã da Alexandrina referida acima; em 1961 vieram do Brasil para Lisboa (Santa Isabel), onde Ricardina faleceu a 5 Jan 1862, com 27 anos de Idade (deste casamento não houve filhos; já viúvo o meu trisavô regressou a Amares, onde viria a casar de novo, teve vários filhos, entre os quais o meu bisavô Artur);

- - outra filha da Mariana Cândida, a Teresa Maria Barbosa Serzedello, viria a casar com o primo António José Pereira Serzedello Júnior (deste casamento também não houve filhos).

São apenas três, dos casos frequentes, sucessivos, de casamentos entre primos e até entre tios e sobrinhos.

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Gerações de Pereiras (futuros Serzedello / Serzedelo)

 Gerações de Pereiras (futuros Serzedello / Serzedelo) identificadas até esta data (2023) 

notas de apoio à pesquisa

G 1 Sec. XVII ~~ 1600, Francisco Domingos, que casou com Ana Francisca (Prdª de Bouro);

G 2 Sec. XVII ~~ 1640, Isabel Pereira, nª em 1644

                       e que casou em 1681 com Lucas Rodrigues (Serzlº);

G 3 Sec. XVII ~~ 1680, Josefa Pereira, ncª em (+ou-) 1690

                        e que casou em 1710 com José Álvares (Serzlº);

G 4 Sec. XVIII ~~ 1700, Domingos Pereira, ncº  1711

                       e que casou em 1742 com Rosa Carvalha (Serzlº);

G 5 Sec. XVIII ~~ 1750, Maria Josefa Pereira, ncª em 1759

                                e que casou em 1784 com em Manuel António Gonçalves (Serzlº);

                         e ~~ 1760, João António Prª Serzedelo, ncº em 1762

                                 e que casou em (+ ou - ) 1800 com a sobrinha Maria Luiza (Lx)

G 6 Sec. XVIII-XIX

       ~~ 1790 - 1800, António José Pereira Serzedelo, que casou com Ana Margarida Rebelo

                                 Maria Luiza Pereira Serzedelo, que casou com o tio João António

                                 José António Pereira Serzedelo, que casou com Maria da Natividade Fogaça

                                 Joaquim António Pereira Serzedelo, que casou com Ângela Jesus Caleia (Lx)

                                                                                            e depois com Mª dos Anjos Marques (Lx)

                                Mariana Cândida Pereira Serzedelo, que casou com Manuel José Barbosa (Amr)

                                 João Pereira Serzedelo, ncº (+ou-) 1800

                                 e que casou com (Brasil)

G 7, Sec. XIX ~~1830 e ss, a geração dos juniores

fºs/as de João Antº e Mª Luiza,

                         Maria do Carmo Pereira Serzedelo, ncª em

                         e que casou com João António Vieira Serzedelo, seu primo (Lx)

fºs/as de António José e Ana Margarida,

                         António José Pereira Serzedelo Júnior, ncº em 1825

                         e que casou em com Teresa Maria Barbosa Serzedelo, sua prima  (Lx)

                         e o irmão João Guilherme Pereira Serzedelo

fºs/as de José António e Maria da Natividade,

                         José António Pereira Serzedelo Júnior, que casou com (Brasil)

                                                                                             e depois com (Brasil)

fºs/as de António Joaquim e Ângela J Caleia (info recª em Geneall.net)

fºs/as de António Joaquim e Mª dos Anjos


fºs/as de Mariana Cândida e de Manuel José Barbosa

                         Tereza Maria Barbosa Serzedelo, ncª em 1825

                         José Joaquim Barbosa Serzedelo, ncº em 

                        e que casou em com Ricardina Pereira Serzedelo, sua prima  (Brasil)

                                                                                             e depois com (AMR)

                         Bento José Barbosa Serzedelo, nascº em

                        e que casou em com Mª da Conceição Teixeira (Brasil)

As Fontes

As (múltiplas) fontes de informação

para quem faz / quer fazer pesquisa de assentos/RgP no Minho, este blog revela-se uma ajuda extraordinária. Durante muitos anos o Blogger em apreço recolheu o essencial de milhares de registos paroquiais, que publicou, cruzando informações de diferentes paróquias, possibilitando a quem pesquisa a possibilidade de reencontrar [nessa] outra paróquia, registos que não aparecem na paróquia Y. 

Registos Paroquiais Portugueses (digitalizados) disponíveis on-line,






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ferramentas de apoio (agradecendo desde já aos seus criadores):